Apresentação dos Dados da Atividade Nacional da Doação e Transplantação de Órgãos |2022

No dia 20 de abril, no Auditório do Centro de Sangue e Transplantação de Coimbra, foram apresentados os dados da Doação e Transplantação referentes ao ano de 2022.

Os resultados da Atividade Nacional de Doação e Transplantação de Órgãos em 2022 foram globalmente positivos, retomando de forma consistente o crescimento pós-pandemia.

Em 2021, Portugal ocupou o 4º lugar no ranking mundial da doação de órgãos de dador falecido com 29,6 dadores pmh, destaque para os Estados Unidos da América que lideravam, seguidos da Espanha e Irlanda.

Em 2022 tivemos 30,85 dadores pmh, embora estes ainda sejam considerados preliminares. A doação de órgãos (total de 319 dadores) manteve a sua tendência ascendente, com uma subida de 5,6%. As causas de morte, no dador falecido, foram em 75,9% dos casos por doença médica, e destas, 67% por acidente vascular cerebral.

A doação em vida foi mais expressiva do que no ano anterior, com maior destaque para o rim, à semelhança do dador cadáver com uma tendência crescente face aos anos da pandemia. Realçando ainda, neste ponto, a existência de um Programa Nacional de Doação Renal Cruzada, em que foi possível transplantar 5 pessoas do Programa, sendo que um dos cruzamentos foi desencadeado pelo primeiro dador renal altruísta em Portugal.

No dador falecido salienta-se o aumento do número total de dadores em 5,6% com acréscimo em 2,5% do número de órgãos colhidos, mas apesar deste incremento, a taxa de utilização de órgãos em dador falecido diminuiu 3% face ao ano anterior (de 87% para 84%). Evidencia-se ainda a doação em paragem cardiocirculatória para resultados superiores aos pré-pandemia.

Em Portugal foram transplantados no total (dador falecido, vivo e sequencial) 814 órgãos, mais 15 órgãos transplantados do que em 2021. Em relação às oscilações do transplante em 2022, comparativamente ao ano de 2021, de referir que:

 

 1.       Fígado – o transplante hepático, embora ainda não tenha recuperado os valores pé-pandemia, tem-se mantido relativamente estável, apesar do decréscimo da atividade em 4,7%;

 2.       Pâncreas – normalmente realiza-se em contexto de transplante duplo, rim-pâncreas. Teve um pico importante em 2018, mas em 2022 mantem a estabilidade de outros anos, tendo registado um aumento de 2022 em relação a 2021, com um total de 25 transplantes (crescimento de 13,6%);

 3.       Coração – em 2022 o transplante cardíaco teve um decréscimo significativo face ao ano anterior (24,5%), uma vez que em 2021 se registou um pico significativo de atividade.

 4.       Pulmão – o transplante pulmonar encontra-se em rampa ascendente desde 2016, atingindo em 2022 o maior número de pulmões transplantados até hoje, 76 órgãos em 39 doentes (incremento de 18,8%), não tendo a pandemia tido grande impacto na atividade. Esta unidade de transplantação pulmonar é única e é o garante da sustentabilidade desta atividade em Portugal;

 5.       Rim – o transplante renal é o transplante de maior volume em Portugal. Tem vindo a recuperar após a pandemia, embora de uma forma muito estável. Em 2022 representou 53,2% de todos os órgãos transplantados, tendo aumentado em 25 transplantes (5,5%) com uma significativa expressão do transplante de dador vivo. O Programa de Doação Renal Cruzada, dirigido a doentes com grandes incompatibilidades imunológicas, permitiu em 2022 a realização de 5 transplantes de dador vivo em dois ciclos, com um primeiro ciclo de 2 transplantes e um segundo de 3 transplantes (desencadeado por um dador altruísta).

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